Galeria Agridoce

Novamente sozinho no quarto com o computador verde entre as pernas, dessa vez está feliz. Mas por pouco tempo. Darling dele não fala com ele já faz um tempo, um simples "oi" e acabou, as vezes nem isso diz. A desculpa? Está ocupado fazendo trabalhos da escola, lições de casa e outras coisas. Saiba que ele não é idiota, sabe quando estão enganando ele, fazendo-o de trouxa. Não adianta procurar em outros textos, outras vozes. Ele estava aqui o tempo todo, só você não o viu. Não se preocupe,ele vai achar alguém como você, que o complete, mas que não o faça de bobo, como você fez. Me lembro de uma coisa que ele me disse "As vezes o amor é maravillhoso, mas as vezes machuca intensamente". Bem, ele está seguindo o caminho dele, espero apenas que não engane outra pessoa como você o enganou. Ele se deita na cama, o computador a sua frente, escreveuma estória de amor inteira, começo, meio e fim. Ele então lê a estória toda, seu coração está se fragmentando, ele tenta achar que não é assim tão mal, então exercita a paciência, guarda os pulsos pro final e usa a saída de emergência, deleta tudo o que escreveu.


Main post atualizado

Fracasso

Os olhos verdes se enchem de lágrimas, o coração se aperta e bate mais forte, porém dolorido. A cabeça lateja, a tontura e o devaneio vão aos poucos tomando conta do corpo fraco. Só o que posso dizer é obrigado, mas essa palavra que acaba de ser dita escorre por minha boca. Ela não tem força o suficiente para sair num tom bom, andando pelo ar até chegar aos seus ouvidos. Ela é fraca, vazia. Não tem sentimentos, é uma palavra morta, a cabeça do ser fragilizado encosta na fria barreira de concreto com massa corrida e pintada de azul atrás dele. Mas a ignorância, estupidez e desdém tomam conta dos seres que vivem com o garoto que está no ébano já faz um tempo. Seu corpo tenta se aconchegar na poltrona grande e de cor berrante, mas o pufe verde-limão não é tão confortável, é apenas mais um objeto de luxo que não tem utilidade. Um simples objeto criado pelo homem para tentar confortar, mas que agora não serve para nada. A ignorância, desdém, estupidez e futilidade tomaram conta do corpo do ser jovial, porém negro, seus olhos não perdoam algo feito sem malícias, não perdoam simples palavras que foram pronunciadas sem nenhum tipo de intenção. Só o que resta para o ser que foi absorvido pelo breu, é a paciência. Seu coração não aguenta mais, não tem mais lágrimas para derramar, seu corpo secou. Ás vezes as músicas tristes me confortam, às vezes machucam. Mas o fracasso que subiu a cabeça do ser em breu não poderá ser revertido tão facilmente. A música triste é apenas um artifício, algo que pode ser ignorado com o tempo. Enquanto isso, vou apreciando o doce timbre da mulher calma, sábia e jovial que sofreu por amar, assim como eu sofri.

V de Vendetta

Sempre o bonzinho,
Foi dado como exemplo.
Entrou em outro ninho,
Virou o dono do templo.
O poder lhe subiu a cabeça.

Fez o que muitos foram contra,
Por medo, aceitaram a palavra do ser frio.
Mas saiba que minha alma está pronta,
Meu corpo esquenta, está febril.
O poder lhe subiu a cabeça.

Insultou, ofendeu.
E a linha se perdeu.
Fracassou,
Seu pedestal quebrou
O poder lhe subiu a cabeça.

Até quem você considerava amigo,
Te abandonou.
Ele se sentiu ferido,
E os cachorros, soltou.
O poder lhe subiu a cabeça.

Nota do autor: Agradeço a todos os comentários, esse texto acima de minha autoria é uma cantiga satírica escárnia. É um tipo de cantiga feita pelos Trovadores, que eram os poetas do tempo do feudalismo. Essas cantigas podiam ser separadas entre líricas, que falavam de amor, e as satíricas, que falavam mal de alguém. As cantigas líricas podiam ser feitas pelo "amor" onde um homem descrevia sua imensa paixão pela amada, ou "amigo" onde uma mulher descrevia seu amor pelo homem. Porém quem faziam essas cantigas eram homens. As satíricas eram divididas entre escárnia, onde criticava-se alguém de um modo indireto, não usava-se nomes, apenas pronomes, e as satíricas de maldizer, onde o trovador criticava a pessoa de um modo direto, usava-se nomes e xingamentos. Essas cantigas não tinham uma métrica, elas tinham apenas que ter as rimas e um verso que tinha que se repetir em TODOS as estrofes. Bem, expliquei aqui o estilo do meu texto para impedir futuros comentários do tipo "Sua métrica está errada", "você repetiu a última frase em todas as estrofes" e outras críticas inúteis mais. Obrigado por ler e visitar minha galeria.