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O Sonho de Todo Brasileiro

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Mensagem por Engelbert Dom 17 Fev 2019 - 22:20

Eu lembro como se fosse ontem. Seis anos de idade. Dois riscos de tinta guache verde e amarela no rosto. A família inteira reunida, Claudinho e Buchecha tocando alto no rádio e o churrasco de madrugada. Todo mundo esperando o momento de se reunir na frente da televisão de tubo e ouvir os gritos esbaforidos do Galvão Bueno (sempre ele!) narrando aquela final do outro lado do mundo.
O estádio completamente lotado, os japoneses todos registrando o momento com seus celulares – e alguém do lado de cá sabia que celular fazia alguma coisa além de ligar? A lenda local, tetracampeão mundial ao longo da última década, entrando para a sua consagração final conquistando o título dentro de casa. O azarão, vestindo um berrante verde e amarelo, cabelos compridos, surfando na arena em Tóquio. O primeiro brasileiro em uma final desde Besouro, o craque dos anos 60 que nós só conhecíamos pela história do avô. Nesse lado do mundo, as ruas pintadas, o coração na mão, a esperança de uma vitória histórica. Do lado de lá, a tranquilidade de quem sabia que tinha o título nas mãos.
O espetáculo durou precisamente uma hora e quarenta e sete minutos. Lembro-me perfeitamente das explicações detalhadas de estratégia e da tristeza que sentimos quando entendemos que o Heracross tupiniquim teria que primeiro vencer um Charizard coberto de cicatrizes de guerra para então enfrentar o mais poderoso do arsenal japonês. Venceu a primeira batalha, mas saiu bastante feriado. Mesmo com a carapaça toda chamuscada, sabíamos que carregava nas garras a esperança de uma nação.
O oponente era extraordinário. Um Scizor extraordinário, uma combinação perfeita de orgânico e metal. Uma máquina de combate unificando as tradições marciais milenares de antigos samurais treinadores com a modernidade de um Japão que liderava o mundo. As câmeras perdiam muitos dos movimentos, mais velozes e inesperados do que os movimentos dos cinegrafistas. A batalha se estendia pelos ares, numa violenta profusão de socos e esquivas. Eu não entendia muito o que ocorria, mas via a angustia conforme os adultos notavam que para três golpes que o Scizor acertava o Heracross acertava um. O vô saiu da sala, seu coração não ia aguentar. A mãe resava um terço. O pai ajoelhou na torcida. Um turbilhão de garras, asas batendo, rangidos de metal contra carapaça. No fim, um megachifre inesperado fez o Scizor rolar pela arena e um Heracross cambaleante prevaleceu. Estava encerrado – pela primeira vez em quarenta anos (e apenas a terceira na história!) o troféu era brasileiro. O manezinho da ilha desenhou um coração no chão e tombou abraçando com seu pokemon.
A festa que se seguiu foi inacreditável. As semanas posteriores também. Lembro de ficar acordado até tarde para vê-lo no Jô. Da omelete com cebola que fez na Ana Maria Braga e cobriu com ketchup, aos protestos daquele Parrot de pelúcia. De todas as crianças querendo um Heracross, que de pokemon comum passou a artigo de luxo. Das entrevistas dele em meio a atores de Holiwood, estrelas de futebol, cantores ingleses. E eu? Bom, eu sabia o que eu queria fazer – replicar aquela felicidade entre as minhas pessoas e me tornar também um campeão do mundo.
Ele conquistou ainda dois outros títulos – em 2003 derrotando um alemão em Paris para a alegria da torcida local e em 2006, quando já era considerado ultrapassado pelos críticos, em uma noite memorável em Londres. Competiu em alto nível até 2011, empilhando torneios pan-americanos e brasileiros, quando decidiu que era hora do merecido descanso de seus amigos. Passou então a viajar o mundo para formar uma nova equipe e voltar a disputar a coroa, mas oito anos depois ainda não retornou ao cenário competitivo.
E eu? Bom, meus pais não tinham como conseguir um Heracross. Comecei com um Pineco, provavelmente o pokemon mais comum no interior catarinense. E olha que alguns Pinecos por aqui podem ser maiores que melancias, mas o meu era particularmente pequeno e teimoso. Juntos conseguimos capturar um Slowpoke. Eu tinha onze anos e usei uma pokebola que estava guardando havia mais de dois anos, esperando uma oportunidade como aquela. Não preciso dizer que foi um dos dias mais felizes da minha vida. Aos doze adotei um Growlithe abandonado. Pronto, com três pokemons já poderia participar dos torneios de base. Com o trio conquistei o torneio sub-13 da cidade no ano seguinte e pude disputar o campeonato catarinense.
Não preciso dizer que fui esmagado. Voltei ainda mais animado. Ganhei uma Mareep, presente de minha tia Nanci que tinha uma fazenda que produzia lã e eletricidade para a cidade com centenas delas. Capturei um Misdreavous em um dos dias mais aterrorizantes da minha vida e aos quinze completei minha equipe com um Pancham. Foi um presente de um antigo mestre de Jiu-Jitsu que me ensinou incontáveis técnicas de combate e histórias de seu tempo no Pará. Fui a grande surpresa do catarinense sub-18, levando o título para minha cidade pela primeira vez em 17 anos e tive o prazer de disputar o brasileiro. Representando o estado do nosso grande campeão não fiz feio, e com uma equipe bastante modesta cheguei até as semifinais. Estava pronto para reunir minha equipe e partir para o mundo. Treinei mais quatro anos, aprendi tudo que podia nos livros, venci torneios locais, obtive patrocinadores e comecei minha jornada.
E é aqui que estou agora: revendo as gravações daquela final de 2002 enquanto meu ônibus sai da rodoviária. Seis pokemons, muitos sonhos e pronto para iniciar minha caminhada de atleta profissional. Uma jornada que vai me levar para muitos países, me permitir encontrar tantos outros pokemons com um grande objetivo em mente – obter pontos suficientes para me classificar, até o fim do ano, para o torneio mundial de 2019. Começa aqui minha aventura e vou atingir o sonho de todo brasileiro – me tornar um mestre pokemon!
Engelbert
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Data de inscrição : 17/02/2019


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