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Mensagem por Mag Sáb 9 Mar 2013 - 15:09

Postei esse artigo no meu blog, mas como ninguém entra, vou postar aqui também. Enriquecer a nossa areazinha predileta.

Em defesa do Leitor

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Observação: Texto postado originalmente por Vanessa Ferrari no Blog da Companhia (clique e seja redirecionado para o site).

"A realidade, como se sabe, é muitas vezes de uma chatice atroz. Por isso não acho estranho que as meninas do clube de leitura tenham sinalizado mais de uma vez o desejo de ler algo mais leve, que as tirasse por algumas horas do cotidiano difícil da cadeia. Está muito claro, porém, ao ler o ranking dos livros mais vendidos, que esse desejo não é exclusivo desse grupo de leitoras. Uma literatura mais leve e pop, ao que tudo indica, tem muito mais fãs do que queremos acreditar.

Tenho lido muitos textos a respeito do baile que os livros considerados de “baixa qualidade literária” estão dando nas obras chanceladas pela crítica. No geral, o tom é de indignação e desprezo. Ou então de leve indulgência. Embora eu entenda a frustração dos autores desses textos, que adoram a boa literatura e gostariam de vê-la numa posição de destaque, não compartilho desse espírito por muitos motivos. Aqui vou me ater ao que julgo mais importante.

Ao desqualificar essa literatura, estamos julgando negativamente o livro mas também o leitor por trás do livro. O que é dito, às vezes às claras, às vezes nas entrelinhas, é que só uma pessoa sem nenhuma sofisticação intelectual poderia gostar “desse tipo de literatura”. E em geral, os analistas atribuem essa mudança do mercado à entrada dos leitores da classe C, à nova classe média. Não tenho dúvida de que isso seja verdade, mas apenas em parte.

A ideia de que os livros mais palatáveis só acham leitores nas camadas mais baixas não se comprova na prática. Ao meu redor, por exemplo, algumas pessoas que estão aproximadamente a três galáxias da classe C leram Cinquenta tons de cinza e gostaram, embora tenham dito, ou melhor, confessado isso com algum constrangimento, porque elas sabem o que pode causar uma afirmação dessa natureza no meio social em que vivem. E sobre esse livro especialmente, que vende em média dez mil exemplares por semana no Brasil, não há duvida: todas as classes sociais estão lendo as aventuras sexuais do Mr. Grey. E assim como esse, há outros títulos que também não passaram pelo crivo dos especialistas mas que estão nas bibliotecas de muitos amantes da literatura. Já vi leitores de Sándor Márai comprarem Minutos de sabedoria, doutores em Economia ansiosos pelo próximo Harry Potter, amantes de Dostoiévski colecionando quadrinhos de super-herói.

Por outro lado, todo leitor algum dia já se perguntou para que serve a literatura. Ou ainda qual o efeito dos livros em suas vidas. O papel social da literatura é uma velha discussão, que sempre pode ter uma resposta diferente de acordo com o momento histórico.

Para alguns teóricos, o livro seria uma ferramenta de testemunho de uma época que nos conduz à reflexão, ao crescimento intelectual, ao entendimento da sociedade. Antonio Candido, por exemplo, diz que a literatura “produz sobre o indivíduo um efeito prático, modificando a sua conduta e concepção do mundo ou reforçando neles o sentimento dos valores sociais”.

Diante disso, que autoridade temos para dizer ao leitor — qualquer leitor — que aquilo que ele sentiu ao ler determinado livro não é legítimo? E como saberemos que aquele livro, reprovado por suas supostas fraquezas literárias, não produzirá uma mudança na vida do leitor? A resposta me parece bem simples: nunca saberemos.

Para evitar que a condenação seja mais criminosa que o crime, talvez valha a pena olhar para o modo como lidamos com as outras manifestações artísticas, porque ao que tudo indica aceitamos melhor que o cinema e a música nos presenteiem com puro entretenimento. Obviamente ninguém acredita que os filmes de ação, de aventura, os seriados de TV, as comédias românticas, os filmes B nos darão algum estofo intelectual. Ou que as músicas de Carnaval e os hits que incendiam as pistas de dança são um grande achado musical.

Essa não é uma defesa de um tipo de literatura em detrimento de outra, mas a favor da ideia de que o leitor é soberano em suas escolhas e deve buscar sozinho o seu amadurecimento intelectual. Os bons livros não precisam de advogados, eles são mais silenciosos mas mais duradouros. E com o tempo, sem fazer alarde, um bom autor deixa todos os outros para trás.

Por isso, entre defender a crítica, o livro, o autor, a minha escolha será sempre pelo leitor, porque ele é sem dúvida a peça mais paradoxal, enigmática, não linear e interessante de todo o tabuleiro."

↭ ↭ ↭

Comentem, pessoal. Afinal, este é um texto que não se aplica somente à literatura, mas à maioria das manifestações artísticas também.

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Mensagem por Pokaabu Sáb 9 Mar 2013 - 16:03

É da natureza do ser humano julgar o outro, principalmente por puro etnocentrismo, se acha superior em determinada área, mas, afinal, quem não gosta de ser ovacionado por ser melhor em algo... É triste, acho, por opinião própria, que todo livro tem seu valor, pois deu, mesmo que pouco, trabalho para ser escrito, trabalho do autor (se for um autor iniciante) para mandar para editora e todos os trâmites.

Foi bom você ter tocado nesse assunto, pois esses dias eu estava assistindo um vídeo sobre isso mesmo, muito bom, segue abaixo.



Então, como a Clarice disse, vamos aos poucos, quem um dia a gente chega lá.

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Mensagem por -Ice Sáb 9 Mar 2013 - 16:48

É isso mesmo o que eu penso. Tem pessoas que julgam o livro não pela capa, e sim pelo tamanho. Digo, eu tinha uma amiga que estava doida para ler os "Jogos Vorazes", mas ao ver o tamanho do livro falou que ia assistir o filme mesmo.

Falando em filmes, é bem legal notar que cada dia mais pessoas começam a ler livros por gostarem de seus filmes, eu mesmo entrei no mundo da leitura depois de assistir Harry Potter e depois ler o livro, foi, literalmente, mágico.

Hoje em dia as pessoas preferem ouvir Funk do que abrir um livro para ler, é isso que me faz pensar que o ser humano parou de evoluir e está voltando para trás, e estamos nos tornando cada vez mais pré-históricos.

Eu achei bem interessante o texto, algum dia desses eu vou visitar esse blog, parece ser muito bom.
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Mensagem por Mag Sáb 9 Mar 2013 - 16:54

Excelente vídeo, Pokaabu.
Até me inscrevi no canal dela e favoritei o blog pra dar uma olhadinha mais tarde.

Eu realmente não me comprometo a elogiar um livro só porque ele deu trabalho ao seu escritor. Óbvio, isso reflete compromisso e desejo de ver seus pensamentos sendo transmitido aos outros, por isso eu o respeito, mas também pode ser pura busca por dinheiro e vendagem. Para mim, deve haver um trabalho bem feito para que eu o elogie. No entanto, nem por isso julgarei o leitor de um determinado livro por considerar o conteúdo inferior. A metáfora do nadador ficou excelente para explicar esse caso.

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Mensagem por Dusknoir Qua 5 Jun 2013 - 10:55

Cheguei...

Como disse o Pokaabu, é da natureza do próprio ser humano julgar e ser julgado, seja pela qualidade ou pela quantidade, o autor ou o livro nesse caso, sempre será posto sobre o julgo de mais de uma pessoa, na maioria dos casos o julgo vem através da comparação de tal pra tal.

É fato que a leitura tem diminuído muito de rotina para rotina de cada pessoa, por mais que você, ele e eu leiamos continuamente as diversas obras literárias não se pode dizer que ela é fortemente presente, mas aí eu avalio de outra forma, por mais que uma pessoa viva ouvindo o ''funk'' ela também acaba por ler alguma coisa, nem todo funkeiro (é isso mesmo?) é um ''sem cultura'', tenho amigos que ouvem o gênero e ainda assim tem o gosto pela literatura, mais pela atual do que pelo romantismo/realismo dos escritores que já... Bateram as botas -q

A tecnologia também proporcionou para a literatura um ''empurrão'', aparelhos como Iphone, Tablets e o próprio Kindle, proporcionam ao dono que este leia diversas obras em qualidade digital, ou seja, a pessoa ainda terá o ato da leitura, mas de outra forma mais ''convencional''. É certo que a tecnologia trouxe também o meio prático, quem prefere carregar numa viagem uma mala apenas para livros? Por praticidade eu optaria pelo Kindle que me permite armazenar mais de 200 (acho que o limite é 500) obras literárias.

Pra mim uma coisa é sempre fato, por mais que estudos e ''provas'' digam que não, o ato de se ler obras antigas ou atuais nunca vai acabar, pois a tecnologia está ai para inovar e como os jovens e até adultos da atualidade preferem a praticidade que ela fornece podem acabar tendo o contato com os livros através desses aparatos!

Bem, logo sairei para ir a escola, senão esse post seria grande... Grande demais para caber num post só, bem, essa é minha opinião, talvez sirva ou talvez não, o importante é que a dei!

Aliás, ótimo video e parabens pelo seu blog Mag, eu visitei ele e está de parabens!

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Mensagem por Mag Qua 5 Jun 2013 - 11:20

Dusknoir escreveu:É fato que a leitura tem diminuído muito de rotina para rotina de cada pessoa, por mais que você, ele e eu leiamos continuamente as diversas obras literárias não se pode dizer que ela é fortemente presente, mas aí eu avalio de outra forma, por mais que uma pessoa viva ouvindo o ''funk'' ela também acaba por ler alguma coisa, nem todo funkeiro (é isso mesmo?) é um ''sem cultura'', tenho amigos que ouvem o gênero e ainda assim tem o gosto pela literatura, mais pela atual do que pelo romantismo/realismo dos escritores que já... Bateram as botas -q

A tecnologia também proporcionou para a literatura um ''empurrão'', aparelhos como Iphone, Tablets e o próprio Kindle, proporcionam ao dono que este leia diversas obras em qualidade digital, ou seja, a pessoa ainda terá o ato da leitura, mas de outra forma mais ''convencional''. É certo que a tecnologia trouxe também o meio prático, quem prefere carregar numa viagem uma mala apenas para livros? Por praticidade eu optaria pelo Kindle que me permite armazenar mais de 200 (acho que o limite é 500) obras literárias.
Ei, Dusknoir, você está sendo participativo na nossa área aqui, hein. haha Que legal, cara. Fique a vontade para comentar sempre.

Eu destaquei esses dois parágrafos do seu comentário porque eu concordo plenamente. Quando se para pra observar com atenção, dizer que todo funkeiro é "sem cultura", ladrão e burro se evidencia somente como mais um preconceito - um ridículo, aliás. E eu não duvido de haver uns funkeiros que ainda leiam obras clássicas, do tipo que grande parte dos roqueiros não leem/leram/lerão. Não que isso faça da pessoa mais inteligente... se bem que é quase impossível um leitor assíduo de clássicos ser burro. Mas no fim o problema mesmo é se considerar humanamente superior.

E quanto ao que você disse sobre o desenvolvimento da tecnologia e sua relação com a literatura/leitura em geral, eu li um artigo muito interessante há uns 2 dias. Admito ficar meio pé atrás com o tanto mudanças nesses hábitos que ele põe em jogo, mas no fim eu não acho que a tecnologia erradicará os livros, e nem haverá nenhum mal devastador para a população. Afinal, mesmo com medo de qualquer tipo de mudança, nós nos adaptamos a tudo.

Pra quem tem interesse, aqui o artigo: http://oglobo.globo.com/cultura/aquela-nova-literatura-8506040?fb_action_ids=4310741586445&fb_action_types=og.likes&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582

Edit: Ah, muito obrigado por visitar o blog, Dusknoir. Ele tá meio parado nos últimos dias...

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Mensagem por GodFire Qua 5 Jun 2013 - 13:06

Eu acho que esse tópico devia estar na área de livros e não de fanfics, mas enfim...

Olha... acho que o Brasil está com um problema tão grande que até literatura "ruim" pode ser uma coisa boa. A maioria não lê livros aqui (quero dizer, pra entretenimento), os únicos que vendem são os estrangeiros e que são "populares". O que você vê os brasileiros lendo? Livros YA, romances clichês, histórias pra nerds, Nicholas Sparks, Jhon Green, Cinquenta Tons de Cinza e por aí vai.

Tem o texto deste blog que fala sobre isso, é muito bom, sobre o preço dos livros, mas que explica muita coisa:

Anica escreveu:O blog Hotel Terra lançou a mesma pergunta no último dia 22: Por que os livros são caros no Brasil? Eu sei que muita gente não dá a mínima para isso – e esse ‘não dar a mínima’ é uma das razões, ou talvez sintomas dos preços altos – mas de qualquer forma, eu como apaixonada por literatura vira e mexe faço essa pergunta, especialmente quando vejo chegando nas livrarias edições nem tão caprichadas que batem na casa dos 60 reais, o que independente de quanto você receba por mês, é muito caro.

A pergunta no Hotel Terra na verdade serve para abrir espaço para citar um blog de economia estrangeiro, que fez a mesma questão sobre os preços elevados dos livros por aqui. O Marginal Revolution tenta responder com quatro argumentos, embora para falar bem a verdade o primeiro já mata a charada: a maioria dos brasileiros não lê.

A explicação, segundo o blog, é essa: “Eu não estou dizendo que eles não sabem ler, estou dizendo que eles não lêem tanto por entretenimento. Fiquei preso no aeroporto de São Paulo por sete horas e não vi uma única lendo um livro, nem uma vez.

Levando isso em consideração, uma baixa demanda significa preços altos. É por isso que os paperbacks de Stephen King são baratos e os tomos de Edward Elgar (o nome de uma editora acadêmica) vão de 100 dólares para cima.”


Outros motivos citados pelo autor: O varejo brasileiro não é eficiente, não há outra fonte de abastecimento por perto e a língua portuguesa não produz um mercado extramente consistente e talvez a moeda brasileira esteja sendo supervalorizada no momento, pelo menos em termos de poder de compra.

Dexando de lado esses últimos três aspectos que eu realmente não tenho qualquer conhecimento de Economia para poder comentar, voltemos ao primeiro: baixa demanda significa preços altos. Há quem diga que entramos em um círculo vicioso: as pessoas não lêem porque os livros são caros, os livros são caros porque as pessoas não lêem e assim segue. Ou seja, se continuar assim, pagaremos absurdos por livros para sempre.

E aí as editoras dizem que é um problema cultural e que o governo (sempre o governo) tem que adotar medidas para fazer com que uma nova geração de leitores seja formada, de forma que daqui uns 10, 15 anos exista um cenário que permita que editoras façam grandes tiragens de obras literárias (e portanto, possam vendê-las a preços mais baixos). Por outro lado, a sociedade argumenta que fica difícil ter o hábito da leitura com livros custando tão caro.

Tomemos o lado da sociedade primeiro: pode parecer surpreendente, mas adquirir o hábito de leitura não significa ler aquela edição bacanuda da Odisséia de Homero, muito menos aquela tiragem especial de Grande Sertão: Veredas do Rosa. O hábito de leitura vem de pequeno, e por isso mesmo vem de porções pequenas – você não chega logo de cara oferecendo uma feijoada para um bebê, porque ele certamente passará mal, certo? O que você faz? Oferece uma papinha com feijões amassadinhos e com pouco tempero. Depois passa para um feijão com arroz e aí a criança está pronta para a feijoada.

O processo de aquisição do hábito de leitura é o mesmo (e estou tomando o meu caso como exemplo): antes mesmo de aprender a ler, eu já tinha contato com livros e principalmente gibis (e gibi da Turma da Mônica não custa caro, minha gente). Quando aprendi a ler, comecei com Ziraldo e outros escritores que embora escrevam literatura infanto-juvenil, não fazem uma leitura imbecil (tanto que você pode tirar páginas de Flicts e O Menino Maluquinho e citar como poesia pura).

É um processo lento, de fato. E em um momento no qual já ficou comum aos pais atribuirem todo o papel da educação para a escola, acredito que ninguém queira assumir a responsabilidade na formação de uma geração de leitores, fazendo com que a criança sempre tenha contato com histórias para se familiarizar a ponto de fazer disso parte constante da vida (não só a encheção de saco para as avaliações da escola).

O “governo”, nesse caso, pode auxiliar com projetos de incentivo à leitura e é claro, com bibliotecas, diversas bibliotecas. Porque se eu gosto de Oscar Wilde hoje em dia é por ter uma biblioteca lá perto do campinho, no Centenário, onde tive a oportunidade de emprestar um livro da série Reencontro e ler O Fantasma de Canterville pela primeira vez. SEM PAGAR NADA POR ISSO.

Eu não sei como funciona no resto do Brasil, mas aqui em Curitiba eu devo dizer que a Fundação Cultural tem feito seu papel. E por isso retorno ao ponto do resgate da responsabilidade da educação: os pais TAMBÉM educam. Não é só a escola (muito menos a TV). Então, se você quer um filho leitor, é fundamental que desde cedo você mostre para ele o quanto eles podem oferecer. E sim, você precisa ler também. Porque a criança é emuladora por natureza, e ela vai fazer o que os pais fazem: se os pais lerem, elas lerão.

E assim finalmente chegamos às editoras. É culpa das editoras o fato dos brasileiros não lerem? Não, não é. Elas podem ajudar? Sim, podem. Tempos atrás levantei a questão de porque aqui no Brasil não se vende revista no formato conhecido lá fora como Mass-Market Paperback. Ele é parecido com aquelas revistinhas Julia e Sabrina, conhecem? Papel bem furreca, capa mole, formato de bolso. Normalmente é vendido fora de livrarias, em supermercados, aeroportos e afins. E custam poucas, pouquíssimas doletas (até pela baixa qualidade do produto).

O formato funciona tão bem lá fora que em listas de mais vendidos há inclusive um espaço para o mass-market paperback (aqui ignoremos o fato de que recentemente Paulo Coelho andava na frente de Garcia Marquez, sim?). Eu já citei o exemplo aqui, mas citarei novamente para que compreendam a vantagem do formato: meu Anansi Boys é desse formato. Paguei menos da metade do preço que pagaria se comprasse o formato lançado aqui no Brasil (que chegou nas livrarias custando a bagatela de 50 reais). E no final das contas, o que importa se ele tem papel ruim? Eu li um livro que um monte de fã do Neil Gaiman (ainda) não leu porque aqui custava muito caro.

E eu, curiosa que sou, entrei em contato com diversas editoras perguntando sobre o formato aqui no Brasil. Porque não, os pockets lançados aqui não são a mesma coisa que o mass-market paperback (sobretudo os da Companhia das Letras, que são caprichadíssimos e portanto ainda caros). Mandei e-mail para Martins Fontes, Companhia das Letras, Ediouro e outras “grandes” editoras. Respostas? Nenhuma.

A única resposta veio do Ispaine, da editora curitibana Arte&Letra1. Lá no Meia Palavra ele contou sobre mais um dos absurdos do mercado literário brasileiro:

Sobre o papel jornal, é uma loucura o que acontece. Na verdade as gráficas não trabalham com esse papel (provavelmente a demanda não é suficiente e ninguém produz em quantidade) já tentei usá-lo mas não consegui. O papel reciclado é mais caro que o papel normal. Loucura.

Sim, loucura. E no final das contas, nessa situação que nasceu torta e que ninguém quer ir muito além dos remendos, quem literalmente paga a conta (o pato, o sapo e afins) somos nós, os leitores.

FONTE: Hellfire Club

Esses dias eu procurei o livro "Sarah" de JT Leroy/Laura Albert pra ler. Não é um livro best-seller, não é um livro YA e não é um clássico, logo já vi que meus problemas em encontrar esse livro já começariam por aí. Procurei nas livrarias da cidade para comprar, não encontrei; fui na Biblioteca da cidade (que é longe por sinal), não encontrei; pesquisei na net pra baixar, não encontrei. Tem pra vender pela net? Tem, mas não gosto muito de comprar pela Internet (principalmente pq os parentes são um inferno). Ou seja, quem gosta de livros com temas específicos, considerados tabus, meio hardcore e talvez até desconhecidas, vai morrer na praia.

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Mensagem por Dusknoir Qua 5 Jun 2013 - 22:49

Cara até gosto de ler, mas deu uma preguiça desgraçada de ler o quote, mals, logo leio... e ai edito.

Mas vou comentar quanto a literatura brasileira.

Realmente é um fato que muitos tenham essa predileção por parte dos títulos estrangeiros, talvez apenas por esse fato, ou pelo fato de a mídia divulgar de forma alarmante o autor enfim, muitas são as causas disso, agora não se pode falar que a literatura do brasil é ''pobre''.

Acho que ''pobre'' ela é se for em determinado assunto, no gênero de fantasia e terror, realmente os titulos brasileiros são poucos, mas mesmo sendo em minoria eles não deixam de cativar o leitor. No blog do Mag (veja, sério, há ótimos textos por lá e dicas também...) tem uma lista sobre os titulos de fantasia brasileira. Quando eu ler o seu quote edito e completo isso aqui com outras coisas mais.

Outro titulo de fantasia que teve um certo destaque foi o livro da level up!, pode parecer tolice, mas o livro vendeu bem pra caramba e o escritor proporcionou a mim (n falo pelos demais!) uma imersão magnifica no mundo de um jogo que eu julgava ridículo...

Procure por ''Twin Blades'' o nome é sim em inglês, predileção novamente, mas o escritor é brasileiro autêntico! A repercurssão não chegou até a midia, mas o livro é bom, gênero fantasia...

Romance é o que não falta na literatura brasileira, e não digo apenas livros de amor, paixonites de jovens e por aí, não mesmo! Não sou uma pessoa tão religiosa (mas isso nem vem ao caso) e ainda assim li os livros do Fabio de Melo, julgue como for, a escrita é boa.

Falar que determinado país tem sua literatura ''pobre'' é questão de ver o que você está buscando, talvez cada país tenha a mente voltada a algo em questão, tudo depende de época.

Nessa eleição passada, surgiram 20, vinte! livros sobre burocracia, democracia e demais módulos de governo, as coisas se encaixam não?

Bem, espero não ter soado ofensivo, não foi isso que busquei x.x

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Mensagem por Mag Sex 7 Jun 2013 - 2:26

Verdade, GodFire, a área de livros era mais adequada pra ele mesmo... depois vejo se falo pra um mod mover.

Eu concordo relativamente com o que você disse. Mas acho importante pensar que o mercado literário é totalmente dependente do que é palatável para a sociedade em geral. Então as editoras só vão traduzir e investir em livros que elas confiam que renderá muita grana. Não espanta não encontrarmos livros menos buscados por aqui, até porque atualmente o mundo literário é de uma vastidão excessivamente grande. O problema, portanto, está no que a sociedade busca e nessa necessidade de investir em literatura com finalidade apenas lucrativa, sem visar aí uma forma de expansão da consciência e da cultura, o que daria atenção pra livros menos modinhas.

Ah! E tem uma informação errada nas constatações aí. Para o brasileiro atual, parece normal dizer que nós lemos menos, mas isso é uma inverdade. Como já vi ressaltado em vários artigos, os leitores brasileiros estão em grande número, o problema é que são 90% voltado para uma mesma literatura. A questão do preço já envolve outra vertente, que é a economia do país. Os livros não são caros por falta de compradores, mas por causa da nossa carga tributária - uma das maiores do mundo. E isso é pra qualquer item, de livros à carro e Mclanche feliz.

Mas é importante ressaltar o que está evidente no texto que eu postei. A forma como nós julgamos as pessoas por serem leitoras de modinhas, ou por darem preferencia a elas em detrimento dos clássicos da literatura (ou, como você disse, livros que não são famosos nem como modas nem como clássicos). É certo que eu tenho uma dificuldade com isso, pois já fui leitor de modinha e sei o quanto me desprender dessa literatura e avançar pra um outro "nível" deu asas às minhas reflexões. Falar disso não é tão simples assim...

E modinha não é modinha por acaso; é um reflexo da alienação.

EDIT: Acabei de ler um artigo excelente sobre o "brasileiro que não lê"! Amei. Vale a pena: http://livrosdoexilado.org/o-brasileiro-nao-le/

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Mensagem por GodFire Dom 15 Set 2013 - 21:06

Mas assim toda chupadinho, eu compreendo que existam pessoas que não querem avançar na literatura, mas pense como o leitor médio, que resolve ler um livro quando dá na telha... Você acha que ele pagaria R$40,00 para comprar um clássico do Oscar Wilde, ou ele se renderia a um livro que custa R$15,00 em qualquer banca, mais da metade do anterior? Arrisco-me a dizer que seja o livro da banca. Eu acho que essa questão de preço não pode ser excluída, vista que eu mesmo compro um livro só de vez em quando por causa desses preços altíssimos. Imagina agora um leitor médio?

Obviamente que a maioria busca primeiro livros fáceis de ler, por isso esse tipo de leitura é mais barato, mas eles podiam lançar livros "bem recebidos pela crítica" por um preço mais convidativo. Ou então lançassem versões menos caprichadas (o que é quase impossível, vendo a qualidade dos livros mais caros aqui com a qualidade e preço plausível dos lá de fora). Os livros brasileiros mesmo caros possuem um péssimo acabamento. Vide este vídeo da Tati falando sobre isso: https://www.youtube.com/watch?v=hGuS9eLg1ag&feature=youtu.be&t=3m35s

Sobre essa questão de não querer progredir em leituras mais sérias, já é praticamente padrão da cultura do país. A maioria ainda sente orgulho de ler este tipo de coisa. Eu não consigo pensar em uma maneira de mudar a mentalidade deste povo.

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Mensagem por laser queer Seg 16 Set 2013 - 0:47

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